
Robert Scheidt concedeu uma entrevista exclusiva ao YCSA antes de ir para Londres, onde vai participar dos Jogos Olímpicos deste ano.

1– Qual seu local predileto para velejar?
Meu local preferido é a Ilha Bela, pela regularidade dos ventos e por ter sido o local em que velejo desde pequeno.
2 – Qual a sensação de ouvir o Hino Nacional recebendo uma medalha de ouro nas Olimpíadas?
É como se estivesse no topo do mundo, um momento muito especial.
Uma medalha de ouro em Olimpíada é o máximo que o atleta pode almejar.
Pude sentir o reconhecimento nacional e muita felicidade.
3 – O que é preciso para chegar aonde você chegou?
Primeiro é gostar muito do que faz. Para mim é muito gratificante a experiência de conduzir um barco.
O talento, aliado a um bom planejamento de carreira e a associação com as pessoas certas como um bom preparador físico ajudam a alcançar o sucesso sem falar do apoio da família, que é sempre essencial.
4 – O que o motiva a continuar praticando o iatismo?
Fui medalhista de prata na classe Star em Pequim. Tinha ficado doente alguns meses antes da Olimpíada, mas considero muito boa a classificação, pois estávamos em 8º lugar faltando quatro provas para terminar o campeonato.
Na classe Laser ganhei duas medalhas de ouro. Com 38 anos sinto que posso melhorar ainda mais na classe Star. Daí vem minha inspiração.
5 – Qual é a sua metodologia de treino?
Faça treinamento físico pela manhã, alternado treinamento aeróbico com musculação. Nado 2.000m três vezes por semana ou realizo treinamento com bicicleta. Evito correr devido ao impacto provocado.
Velejo 200 dias por ano com o Bruno, 80% deles na Europa onde estabeleci residência no Lago di Garda, na Itália.
Escolhi esse local pelo ótimo regime de ventos, por ser ideal para a prática de atividade física, ótimo para pedalar e estar do lado de grandes staristas que também velejam por lá.
6 – Além do seu técnico, você tem a ajuda de mais algum profissional como por exemplo nutricionista psicólogo personal trainer fisioterapeuta, dentre outros?
Conto com a ajuda do fisioterapeuta Henrique Jatobá e do seu assistente Kaiser. Cuido bem da minha alimentação, pois tenho muita experiência adquirida na minha carreira sobre qual dieta devo seguir.
Também utilizo os serviços da Clínica Moisés Cohen, aqui em São Paulo.
7 – Você tem alguma mania ou superstição durante um campeonato?
Tenho algumas sungas da sorte que utilizo em campeonatos importantes.
8 – Você tem algum ídolo? Por quê?
Creio que meu primeiro ídolo foi o Alex Welter, medalhista de ouro olímpico em Moscou. Quando eu era menino ia velejar na Guarapiranga e quando o encontrava, gostava de conversar com ele e ouvir suas sugestões.
Outro atleta importante para mim é o Torben Grael, com quem tive a oportunidade de competir contra e aprender detalhes para evoluir a técnica.
9 – O que você acha que falta no YCSA para que o clube se torne um Centro de Treinamento Olímpico na Vela?
O YCSA tem um bom trabalho de base na categoria Optimist, mas como a maioria dos clubes brasileiros, ainda falta planejar melhor a carreira do atleta para quando ele sair dessa categoria.
Essa transição sempre é muito difícil por diversos aspectos.
Talvez a saída seja contratar profissionais qualificados para cuidar dessa transição. A utilização da tecnologia também é importante, como a realização de filmagens dos atletas em competições e treinamentos.
Incentivar viagens para a participação das principais regatas do circuito de vela também seria muito importante para a preparação do atleta.
10- Treinar em água doce, como na represa de Guarapiranga, deixa o velejador menos preparado para regatas no mar?
A represa, para iniciação é muito boa para o velejador entender como funciona o regime dos ventos e melhorar a técnica por ser um local mais protegido. Com o tempo é necessário que o atleta veleje no mar pois as ondas são maiores os ventos mais intensos, exigindo mais condicionamento físico do velejador.
11 – Quem são os grandes responsáveis por você velejar?
Meus pais sempre me incentivaram. Aprendi a velejar no Day Sailer do meu pai e ganhei meu primeiro Optimist com nove anos.
Minha mãe organizava toda logística em minhas primeiras viagens para a Europa, o aluguel de barcos e outros detalhes.
Com a ajuda da minha família pude conquistar meu primeiro título internacional, que foi o Campeonato Mundial Júnior de Laser, em 1991.
12 – Você deseja que seu filho seja um medalhista como você?
É complicada a pressão que um filho de campeão olímpico sofre. Gera-se uma expectativa muito grande em cima dele.
Gostaria que ele próprio decidisse se gostaria de participar de competições. Acho importante aprender a velejar, aprender a técnica, mas quem decidirá seu futuro na vela vai ser ele.
13 – Qual a importância da preparação física para um atleta de alto nível na vela?
É fundamental. Se a preparação física não estiver boa o atleta ficará pensando na dor, não extraindo o máximo da técnica para vencer a competição.
14 – Se a classe Star realmente sair das Olimpíadas do Rio, você já sabe para qual classe migrará?
Londres é o nosso maior objetivo. Ainda não pensei para qual classe migrar, mesmo porque ainda existe uma chance de a classe Star permanecer no calendário para as Olimpíadas do Rio.
15- Como você avalia sua preparação para os Jogos Olímpicos de Londres: ideal, próxima do ideal ou poderia ter sido melhor em algum item?
Avalio como próxima do ideal. Perfeita nunca é. Fisicamente eu e o Bruno estamos muito bem, aprendemos a administrar algumas pequenas lesões e pretendemos continuar em 2012 com um bom ritmo de treinamento até a Olimpíada.